domingo, 23 de janeiro de 2022


Resenha: Tokyo Revengers

Tokyo Revengers é o anime sensação dos últimos tempos. A internet produziu um fluxo contínuo de material relacionado: vídeos de análise, paródias, fanfics, memes e umas faixas maravilhosas de Rap Geek. O último despertou minha curiosidade com a história – SecondTime arrasou no Style Mikey. Decidi ler o mangá para descobrir a razão de tanto rebuliço. Acabei com um ingresso de entrada para o fandom de TR. O negócio é bom demais, e vou contar o porquê.
Título: Tokyo Revengers
Gênero: Anime/Mangá Shonen
Autor: Ken Wakui
Capítulos: 238 (ativo)
Episódios: 24 (ativo)

Sinopse: Aos 26 anos, Takemichi Hanagaki vive uma vida frustrada e sem sentido. Um dia ele descobre que Hinata Tachibana, sua antiga namorada do ensino médio, foi morta pela gangue Tokyo Manji, uma cruel organização criminosa. Em meio a questionamentos sobre onde tudo deu errado, Takemichi é empurrado na frente de um trem. Porém, em vez de morrer, ele se teletransporta para 12 anos no passado. Com uma nova chance em mãos, Takemichi decide mudar o futuro e salvar Hinata, nem que para isso tenha que se infiltrar na atual Tokyo Manji.

O ano é 2017. Hanagaki Takemichi, nosso protagonista, está estirado diante da televisão em meio a bagunça caótica do seu minúsculo apartamento. No jornal, a repórter noticia a onda de violência gerada pela gangue Tokyo Manji. Suas últimas ações criminosas levaram à morte dois civis: Tachibana Naoto e sua irmã mais velha, Hinata.
A notícia deixa Takemichi em choque. No ensino fundamental, tantos anos atrás, Hinata foi sua namorada. A única que teve na vida. Saber sobre sua morte violenta envia Takemichi para um mergulho de cabeça no lago das crises existenciais.

Vivendo sozinho em um apartamento sujo, tomando broncas da vizinha e ouvindo reclamações constantes do chefe no trabalho, tudo o que ele pode fazer é indagar:
Perdido em pensamentos, Takemichi acaba sendo empurrado da plataforma do trem. Mais um golpe de azar para alguém cuja vida está recheada de insatisfações.
Diante da morte iminente, a mente dele se volta para Tachibana Hinata. Eles namoraram durante o oitavo ano, período no qual Takemichi estava no seu “apogeu”. Ele era parte de uma pequena gangue de delinquentes. Tinha amigos leais, uma namorada e relativa popularidade em sua escola. As lembranças passam diante dos seus olhos...

Até que não são mais lembranças.

Takemichi desperta na estação de trem, porém rodeado pelos seus amigos do ensino fundamental. Todos em suas versões mais jovens. Incluindo o próprio Takemichi.
O ano agora é 2005. Takemichi acabou de descobrir que é um viajante do tempo.

A partir daqui o enredo começa pra valer.

Dou minha salva de palmas para Ken Wakui, o autor de Tokyo Revengers. O primeiro capítulo do mangá entrega tudo o que o leitor precisa saber para embarcar na história.

Primeiro: descobrimos sobre a insatisfação de Takemichi com sua vida adulta e como o nome de Hinata ainda ressoa em seus sentimentos.

Segundo: a temática das gangues e a violência que as rodeiam está presente desde a página de abertura.

Terceiro: a questão da viagem no tempo surge logo de cara, abrindo infinitas possibilidades de aventura.

Quarto: pouco depois de voltar ao passado, Takemichi toma uma puta de uma surra, o que revela o fato inegável dele ser fisicamente fraco.

É isso. Entender esses pontos é essencial para apreciar o desenrolar da obra. E não posso deixar de frisar o último, porque é o que rende mais frustração no coração dos leitores.

Normalmente, o protagonista de mangás shonen começa a história como um zero a esquerda, então ganha experiência em combates, consegue uns poderes ou habilidades incríveis e, por fim, se torna um deus da guerra que derrota os inimigos enquanto palita os dentes – ou algo do tipo.

Takemichi não é esse protagonista.

Ele tem o espírito de um guerreiro, mas é só o espírito mesmo.
De caso pensado, o autor escolheu fazer Takemichi ter um nível de força e habilidade inferior ao restante dos personagens. Alguns fãs se irritam ao ver o pobre coitado ser o saco de pancadas oficial do elenco. Outros, como eu, adoram esse tipo de cena:
Essas são as preocupações dele quando seus amigos informam que estão para lutar com uma gangue rival. Takemichi sabe que não é bom em lutar – fora que há anos se mantém longe de brigas. Sua reação é compreensível e relacionável. Perfeita diante da situação.

Porém, o que falta no Takemichi em questão de força física, sobra em esforço e dedicação. Ao compreender os gatilhos da viagem no tempo, ele decide mudar o passado e, consequentemente, reescrever o futuro. Tudo para salvar a vida de Hinata no seu presente.

Ainda assim, tem – muita – gente que não gosta dele. Tudo bem, Tokyo Revengers conta com inúmeros personagens, um mais carismático que o outro.


Os membros da Tokyo Manji, mais conhecida como Toman, são o ponto alto do mangá. Mikey, Draken, Mitsuya, Baji, Kazutora, Smiley e tantos outros. Todos garotos estilosos, com passados turbulentos e uma ou outra passagem pelo reformatório.

O enredo é uma massa de drama, salpicada por suspense e romance, algumas xícaras de comédia e litros de porradaria. A mistura tem um sabor especial. Quando você menos espera chegou aos capítulos semanais e fica na expectativa da próxima dose.

Interessante apontar que a temática de gangue é inspirada em um movimento real, o Bosozoku, presente no Japão das décadas de 80 e 90. Jovens rebeldes se organizavam em gangues de motoqueiros e saíam metendo o loco pelas ruas da cidade. A hierarquia do grupo era uma forte característica, assim como estilos de roupas e penteados pra lá de ousados. Até existe uma lenda no fandom que o autor de Tokyo Revengers fez parte de uma gangue Bosozoku durante a juventude.

Outro ponto relevante – e que já deu o que falar – é o símbolo da Toman.
Este é o Manji budista, um símbolo religioso bastante popular no Japão. No ocidente, porém, ganhou uma triste conotação após ser apropriado pelo partido nazista. Confesso ter tomado um susto a primeira vez que vi no mangá. Depois de pesquisar e conhecer o significado original, que remete a boa sorte e prosperidade, fiquei mais confortável com a leitura. Quem estiver interessado em saber mais sobre o assunto, segue um link.

O importante é: Tokyo Revengers usa o símbolo pelo seu sentido religioso.

A primeira temporada do anime está disponível. A segunda temporada foi confirmada e deve sair este ano. Prefiro ler a assistir, mas dei o braço a torcer com TR. A qualidade dos episódios é muito boa. A versão dublada também ficou maravilhosa.

Já o mangá está em seu arco final. O clímax da história promete torcer o coração dos leitores de ansiedade. Só Deus e o autor sabem o que diabos vai acontecer com Takemichi e seus amigos. Todos os dias reviro a internet atrás de vazamentos ou informações dos próximos capítulos. O negócio me conquistou de verdade.
Tokyo Revengers está a altura do hipe. A jornada de Takemichi é uma montanha-russa de emoções. Ideal para quem curte se envolver com os sentimentos e motivações dos personagens. Vale muito a pena ler, assistir e depois bolar um monte de teorias sobre as diferentes linhas temporais criadas pelas ações de Takemichi.

Esse texto ficou enorme, mas não me arrependo. Faz um longo tempo que não atualizo o blog, então compensa. Até a próxima!
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