Sobre escrever...

Hoje não terá postagem do capítulo dois de Eu sou... Scarlet Mills. Estive a semana inteira mergulhada em outro projeto e pretendo passar um pente fino no capítulo antes de publicá-lo. Enquanto me organizava, uma questão surgiu na minha cabeça: por que me esforço tanto? Não é como se tivesse leitores esperando ansiosamente pelo trabalho. Então por quê?

Falar um simples “porque eu amo escrever” é muito lugar-comum. Principalmente quando estou publicando os textos numa plataforma pública. Eu queria ter leitores. Aqueles do tipo assíduo, empolgado, que faz teorias sobre os rumos da história. Sou uma dessas, aliás. Sempre que encontro uma leitura legal acabo focando toda minha atenção nela – o que pode atrapalhar meu lado escritor.

Nesse sentido, posso dizer que prefiro ler a escrever. A leitura me acalma ao passo que a escrita me enerva. O problema é que meu espírito nunca se contenta com o que os autores entregam. Sempre têm algo que poderia ser melhorado, ou mais explorado, ou definitivamente extirpado. Quando me dou conta, estou traçando uma história nova na cabeça, com todas as mudanças que julgo necessárias.

É dessa mania que surgem a maioria das minhas ideias de enredos. Eu escrevo exatamente o que sinto vontade de ler. E, como sou uma leitora chata, o texto tem que estar o mais trabalhado possível. Os personagens devem ser interessantes; os conflitos, complexos; e os acontecimentos devem seguir uma cadeia lógica e surpreendente.

Definitivamente, eu escrevo para mim mesma.

Adoro ler meus textos, sejam eles histórias ou postagens do blog. Percebi que o post 6 memes que me representam morando sozinha entrou para a lista de mais visualizados e, ao lê-lo novamente, achei super divertido. Tem umas tiradas tão legais que nem parece que fui eu que escrevi.

Também tenho essa sensação ao ler Caleidoscópio. Apesar dos furos de enredo e excesso de erros de português, de tempos em tempos, releio os quarenta capítulos e me impressiono com a criatividade depositada neles. Fico feliz com isso.

Em compensação, quanto mais eu gosto dos meus textos, mais sinto que ninguém vai gostar. O fato da minha construção vir da desconstrução de outras histórias, cria um resultado que pode frustrar os leitores em geral. Até hoje, após tanto tempo vagando por bibliotecas e blogs literários, não encontrei outra pessoa que compartilhasse o meu perfil leitor.

É como se eu tivesse encontrado um nicho onde sou a única produtora e consumidora.

Isso me desanima a publicar certas histórias. Às vezes, me sinto travada até ao escrevê-las. Essa sensação de que ninguém se importa com elas me deixa triste. Não como a escritora, mas como leitora mesmo. Queria ter outras pessoas para comentar certos acontecimentos do enredo, dizer o que mais gostei e o que poderia ser melhorado.

Enfim...

Por que eu me esforço tanto? Para agradar meu elevado senso crítico. E, quando estou satisfeita, só me resta ler e reler, num processo divertido, embora solitário.

Às vezes, é chato ser a Lljj.