quarta-feira, 29 de agosto de 2018


Bento Gonçalves Adventures - Parte II

Como combinado, trago a segunda parte do relato sobre minha passagem por Bento Gonçalves. Preparados para conhecer um pouco mais sobre o mundo do vinho?



Após a visita à vinícola Casa Valduga, meu anfitrião e eu entramos em um dilema. Era horário de almoço, e o grupo em que estávamos foi conduzido ao restaurante do complexo cujo preço do cardápio levaria qualquer mochileiro faminto a falência financeira. Aliás, o modelo de turismo que ocorre no Vale dos Vinhedos está bem acima do orçamento padrão dos viajantes quebrados. A qualidade é indiscutível, só que o custo é uma facada no peito.

As opções mais em conta de refeição estão no centro de Bento Gonçalves, cerca de 20 minutos de moto/carro a partir do Vale. Tínhamos outras duas vinícolas para visitar e nenhuma vontade de ir até a cidade e voltar depois. Porém nesta equação entra uma peculiaridade que descobri ser típica de cidades pequenas: os restaurantes só servem almoço até 14h. No domingo a coisa fica ainda mais complicada, porque alguns sequer abrem as portas.

Com essa informação na cabeça e um vazio crescente no estômago, decidimos visitar as vinícolas antes de almoçar. Teríamos algumas lancherias abertas no shopping da cidade caso passássemos do horário.

Começaríamos pela Dom Cândido, porém, ao chegarmos lá, soubemos que uma visita já estava em andamento e a próxima iniciaria em 40 minutos. Partimos para a Larentis, onde eu sabia que a visitação não era guiada e poderíamos sair quando quiséssemos.

Vinhos Larentis



A Larentis é uma vinícola familiar de pequeno porte. A entrada é gratuita e os visitantes podem caminhar pelos vinhedos próprios da família. Uma modesta recepção dentro da cantina oferece degustações por um preço de mais ou menos 20 reais. A partir de setembro, quando o clima começa a esquentar, a vinícola organiza piqueniques dentro dos parreirais. Adoraria ter participado de um...


Chegando lá, encontramos uma das proprietárias na recepção. Não lembro o nome dela, mas nunca esquecerei a cor de seus olhos. O azul prateado da íris me deixou meio boba. Era a mesma tonalidade dos olhos de uma das minhas personagens.

Conversamos com esta senhora por alguns minutos. Ela explicou que a família Larentis vendia suas uvas para outras vinícolas até que, em 2001, inauguraram a Vinhos Larentis. É uma vinícola adolescente!

Após a conversa, ela nos encaminhou para a área dos vinhedos, onde, pela primeira vez, tive contato com as videiras.

Como comentei no outro post, o cenário não estava como nos panfletos turísticos, pois as parreiras estão “dormindo” durante este mês. As folhas, e algumas espécies de uvas, só começarão a aparecer em setembro.


A visita foi proveitosa, embora um pouco rápida. Tenho esperança de ir a um dos piqueniques da Larentis na próxima vez que vier ao Rio Grande do Sul.

Dom Cândido



Perto das 13h, chegamos na vinícola Dom Cândido. Como só havia eu e meu anfitrião, tivemos uma visita particular guiada por um dos proprietários da cantina, Roberto Valduga.

Quando ele se apresentou minha mente deu uma bugada. De forma automática, associei o sobrenome à vinícola Casa Valduga, e imaginei que Dom Cândido pudesse ser outro segmento operado pela mesma família. Engano meu. Me explicaram que, na Serra Gaúcha, o sobrenome Valduga é tão comum quanto um Silva ou Souza. Interessante, né?

A primeira parada da visita foi no Sobreiro, a árvore que dá origem às rolhas das garrafas de vinho. Segundo Roberto, esse é o único exemplar que vingou em terras brasileiras. As rolhas utilizadas no país são importadas do exterior.


Seguimos para a parte dos vinhedos, onde Roberto deu uma verdadeira aula sobre os ciclos da videira. Resumindo: de janeiro a fevereiro é feita a colheita das uvas; nos meses de março e abril, começam a cair as folhas da videira; entre julho e agosto acontece a poda dos galhos secos; e, entre setembro e outubro, os galhos voltam a brotar e as folhas começam a nascer.

Os conhecimentos de Roberto clarearam pontos obscuros que rondavam minha cabeça. Quando fomos para a área de degustação, já me sentia bem mais inteirada sobre esse mundo de uvas e vinhos.

Diferente dos rótulos previamente definidos da Casa Valduga, na Dom Cândido é possível escolher no balcão qual vinho ou espumante se quer provar e ele é servido na hora. Ainda batemos um papo com a atendente que nos serviu. Ela ofereceu outras informações sobre os rótulos da casa, além de falar um pouco sobre a região.


Na hora da saída, ganhamos de brinde uma taça de vinho, o que me deixou com duas taças de cristal – incluindo a que ganhei na Casa Valduga – para amar e proteger pelo resto da viagem. Meu desafio é mantê-las intactas até chegar ao Rio de Janeiro.

Encerrada a programação do dia, saímos às pressas de volta para a cidade. Passava das 14h quando meu anfitrião estacionou a moto em frente a um restaurante. Por sorte, o lugar trabalhava com la minutas – tipo de prato feito que incluí arroz, feijão, bife, ovo, salada e batata ou polenta frita –, porque o buffet livre, que é o que eu gosto!, já havia encerrado.

Naquele mesmo dia, me despedi do meu anfitrião motoqueiro e migrei para a casa de outra CS (couchsurfing) e, nos dois dias seguintes, aproveitei o que mais Bento Gonçalves tinha para me oferecer.

Na verdade, tentei aproveitar, porque o tempo não deu uma única folga. O domingo havia sido um dia atípico por conta do céu azul e sol forte. Mas a segunda e terça-feira foram dias de deixar o inverno orgulhoso: um frio cruel e uma chuva chatíssima!

Mesmo assim, na segunda, enfrentei as forças da natureza e realizei a visitação da Cooperativa Vinícola Aurora. E foi mil vezes melhor do que imaginei. Chupa inverno!

Foto tirada na noite de sábado

PORÉM!, novamente, este texto já está grande demais para se narrar a experiência marcante que tive na Aurora, então fica para a próxima postagem. Sinceramente, não achei que Bento Gonçalves fosse render tanto...
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