quarta-feira, 5 de setembro de 2018


Bento Gonçalves Adventures - Parte III

Hoje percebi o quanto meu ritmo de postagens está atrasado em relação aos relatos da viagem. Esse será o post final sobre meus dias em Bento Gonçalves. A cidade realmente rendeu mais do que eu imaginava, mas faz duas semanas que sai dela e outras experiências estão se amontoando na lista de espera. Isso é mal! Cada dia que passa os detalhes vão se tornando mais turvos na memória, as sensações que me agitaram no instante do ocorrido se assentam até o ponto de não mais conseguir discernir o que senti... Vou me esforçar para diminuir este vácuo cronológico durante esta semana.

Como disse na postagem anterior, na segunda, dia 20/08, enfrentei o clima bipolar da Serra Gaúcha na sua versão inverno congelante – só que sem neve – para visitar a Cooperativa Vinícola Aurora, que é a única vinícola a estar dentro da cidade.


Quando aprofundei minhas pesquisas para a construção do enredo de Preciosas, em 2016, usei a Aurora como referência para a criação da fictícia Cooperativa Vinícola Montenêto. Os textos que li, os vídeos que assisti e as várias visitas virtuais que fiz pelo site da Aurora geraram uma empatia muito forte por esta vinícola. Gosto dos ideais do cooperativismo, a história de todos lutando por um objetivo em comum.

Queria ter tido tempo para repetir a visita umas três vezes, assim gravaria os mínimos detalhes dessa experiência que mostra o quão longe consegui chegar. Afinal, é um sonho que saiu das páginas da internet e conquistou o meu mundo. Foi difícil acreditar que eu realmente estava ali, presenciando aquilo. Deu até um medinho de escorregar no chão molhado e afundar num buraco que me transportaria para minha cama, na minha casa, numa realidade em que tudo isso é apenas um doce sonho.

Graças a Deus, não houve nenhum escorregão, então ainda posso contar como foi esse momento.

Cooperativa Vinícola Aurora



Cheguei à recepção da cooperativa perto das 9:30 da manhã. Sozinha, metida em quatro camadas de roupa e com os pés gelados devido a chuva que caía ininterruptamente. Ah, e feliz que nem pinto no lixo!

A visita da Aurora é guiada, gratuita e oferece uma seleção variada de rótulos para degustação ao final do passeio. Resumindo: só vantagem!

Em um grupo de mais ou menos oito visitantes, começamos o roteiro com um vídeo que falava sobre o cooperativismo e como ele é trabalhado na vinícola. Para mim tudo era uma grande aula cuja matéria cairia na prova final. Infelizmente, não consegui gravar tudo na cabeça ou no celular, mas capturei a essência das informações que precisarei no futuro próximo.

Morgana, nossa guia vestida de vindimeira – roupa típica das mulheres que colhiam as uvas –, nos levou até o subsolo na cooperativa onde ocorre a produção das bebidas. Não há vinhedos por perto, pois as uvas são trazidas pelos associados que estão espalhados pela Serra Gaúcha.


Tivemos várias explicações sobre o processo de elaboração do vinho, suco e espumante. Esse ponto é comum entre todas as vinícolas que visitei, então vou avançar para a parte em que as diferenças se manifestam: a degustação.

Foco na área de degustação da Aurora:





Agora essa seleção VARIADÍSSIMA de rótulos:


Lembrando: é tudo grátis!!

Uma salva de palmas, por favor.


Diferente dos meus colegas visitantes, segui a sequência indicada pela guia – iniciando com os vinhos secos até chegar aos suaves. Experimentei cada um dos rótulos. Inclusive provei do azeite extravirgem que a Aurora lançou a pouco tempo – é tão forte que quase morri engasgada.

O fim da degustação também encerrava a visita. Estrategicamente, esperei que o grupo subisse até a área de varejo para poder ter um tempo a sós com a guia. Era minha chance de obter respostas. Saber até que ponto se pratica as teorias do cooperativismo, como a organização é administrada, se os associados também podem ser funcionários, a quem os funcionários respondiam, como são repartidos os lucros, se é indispensável a contribuição com insumos, como ocorre a escolha do conselho administrativo, se existe conselho fiscal, entre outras questões.

Morgana se esforçou para me ajudar. Não só me falou sobre tudo o que sabia como também me encaminhou até a sala de sua gerente, onde uma moça super solícita – esqueci o nome dela! – me concedeu uma rápida entrevista.

Quando sai da Aurora, um chuvisco leve acompanhando meus passos, fiquei estarrecida comigo mesma. Eu que sempre fui a tímida, a calada, a medrosa, tinha acabado de entrar sozinha numa das maiores vinícolas do país para fazer pesquisas para o livro que escreverei. E estou em outro estado! Cercada de pessoas que nunca me viram e que nunca vi. Fazendo coisas que me achava incapaz de fazer... É tudo tão louco! Olha só pra mim, agindo como o mulherão que sempre quis ser...
Compartilhe
Comentários
0

0 comentários:

 
lljj. - COPYRIGHT © 2018 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
LAYOUT E PROGRAMAÇÃO HR Criações