terça-feira, 21 de agosto de 2018


São Leopoldo: fica pra próxima...

Sai de Novo Hamburgo na manhã de sábado e passei pouco mais de quatro horas em São Leopoldo antes de embarcar para Bento Gonçalves. Parte desse tempo foi gasto na área de espera da rodoviária, então não há muito o que eu possa falar sobre a cidade em si. Mesmo assim, tenho uma história curiosa com esse pequeno distrito de Porto Alegre.

São Leopoldo entrou para meu roteiro de viagem por conta de uma cena que aparecia no primeiro rascunho do livro Pérola. Nesta cena, descrevi um deslocamento entre Porto Alegre e a Serra Gaúcha. Segue o trecho:

Um silêncio confortável assentou-se entre os dois ao passar por Canoas, Sapucaia do Sul e São Leopoldo. Algumas interdições na rodovia RS-122 atrasaram os horários rígidos que Pérola programara. Para compensar os minutos perdidos, acelerou assim que entrou na RS-446, só diminuindo quando seu corpo, dormente, reclamou do longo período preso ao banco.

Eu pretendia reproduzir o mesmo trajeto feito pelas personagens, por isso reservei um dia do meu roteiro para cada uma das três cidades: Canoas, Sapucaia do Sul e São Leopoldo. Uma ideia que ficou difícil de tirar do papel quando comecei a pesquisar as opções de hospedagem disponíveis. Eram poucas e caras! Fora isso, em um único dia, não teria tempo para conhecer uma cidade antes de ter que migrar para a outra. O que fazer? Desistir? Jamais!, dizia minha teimosia.

Resolvi deixar dois dias para cada cidade. Quando entrei no Couchsurfing publiquei esse roteiro na esperança de encontrar um anfitrião em cada parada. E é aqui que minha história especial com São Leopoldo inicia: recebi VÁRIAS ofertas de estádia dos leopoldenses.

Numa média de dois em dois dias alguém de São Leopoldo me contatava. Alguns apenas para perguntar o motivo da viagem; outros, para puxar assunto, mas a maioria já chegava oferecendo cama e companhia para passeios. Com tantas opções, eu me sentia A requisitada. Além de que essas atitudes falavam bastante sobre a população da cidade. Internalizei a imagem dos leopoldenses como pessoas abertas, divertidas e hospitaleiras. Acredito que não esteja errada.

Em contrapartida, de Canoas e Sapucaia do Sul só recebia silêncio. Eram poucos os anfitriões desses lugares. Os que possuíam cadastro no site não logavam há meses. Fato que murchou minha animação para refazer o trajeto do livro. Decidi me concentrar aonde estava obvio que seria bem-vinda, então risquei essas cidades do roteiro e separei quatro dias para ficar em São Leopoldo.

Conforme o tempo passava, acumulei alguns contatos. Confirmei estádia com um deles, porém, nas vésperas da viagem, cancelei a solicitação por perceber a inexistência de afinidade entre nós. Não conseguiria passar quatro dias na casa de alguém com quem nem pelo WhatsApp tinha assunto para conversar.

Tendo em vista as várias opções que tinha nas mãos, encontrar outro anfitrião parecia uma tarefa simples. O que não foi, tanto que até na última sexta-feira eu ainda esperava a resposta de um anfitrião – que acabou sendo negativa.

Minha ascensão e queda de popularidade em São Leopoldo culminou no pouquíssimo contato que tive com a cidade. Apenas perambulei pelas ruas ao redor da rodoviária. Passei no Museu Trem, que estava fechado e com claros sinais de abandono.



Como os outros pontos turísticos eram mais afastados e o tempo estava curto, comprei uma pipoca doce na estação de trem para melhorar meu humor e arranjei um lugarzinho na rodoviária onde pudesse mexer no celular em paz. Às 14:15 da tarde, estava no ônibus rumo a Bento Gonçalves, imaginando se teria outra chance de reatar relações com São Leopoldo.
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