quarta-feira, 26 de dezembro de 2018


Governador Valadares e Família

Então, chegamos ao último relato da viagem. Desde muito antes da organização do roteiro, eu planejava passar alguns dias na terra natal da minha mãe, Governador Valadares. Na época, não imaginava que seria o último destino dessa longa jornada, muito menos que se tornaria o mais aguardado. Após as andanças pelo Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais – lugares novos e fantásticos –, eu queria dar um tempo das novidades. Estava louca para rever minha família.

Essa semana é perfeita para descrever minha passagem por Valadares. Estou em GV, ao lado da numerosa família Moura, para comemorar as festas de fim de ano. Ontem mesmo tivemos nosso almoço de Natal. Encontrei primos que não via há anos. Não foi intencional – escrever este relato agora –, mas a coincidência me alegrou.

Bem, cheguei em Valadares de trem na tarde do dia 03/10. O sol estava alto e perverso no céu mais azul que encontrei em toda a viagem. Na verdade, acredito que o céu de GV seja o mais bonito que já vi na vida. Isso até compensa o calor desumano que castiga a população valadarense – sim, vou reclamar do calor repetitivamente.

Céu azul de Governador Valadares

Fui de ônibus para casa da minha vó. Queria fazer uma surpresa, por isso não avisei sobre minha chegada. Assim que entrei pelo portão, o barulho pesado de passos veio correndo até mim. Era a minha irmã mais nova, seguida de perto do meu irmão, o caçulinha da família. Os dois me agarraram num abraço de urso. Fazia seis meses que não nos víamos. Fiquei presa entre os braços deles e as mochilas.

Minha família se mudou para Minas Gerais no início do ano. Queriam dar um tempo de cidade grande. Fui a única a permanecer no Rio de Janeiro. Nunca passamos tanto tempo longe uns dos outros. Nosso reencontro envolveu lágrimas, gritos, broncas, beijos molhados e mais gritos. Somos um bando de escandalosos.

O primeiro dia foi marcado pelo barulho de perguntas, comentários e risadas. Sinceramente, tinha me esquecido como é boa a familiaridade. Viajar é incrível, um mochilão por diversos destinos é uma conquista, principalmente se você nunca fez isso. Quem já viajou ou está viajando pode desromantizar esse ideal. Existem noites que a saudade de casa bate com a força de um soco. Coisas bobas como usar o seu próprio banheiro, esbarrar com um vizinho antigo ou comprar pão na padaria da esquina se tornam tão preciosas que doí não poder revivê-las naquele exato momento.

Governador Valadares não é a minha casa, mas uma parte essencial do meu lar está aqui.

Nos dias seguintes a minha chegada, fiz um incessante tour nas casas de tios e tias. Estive em GV diversas vezes no passado, mas nunca encarei a viagem com o olhar de viajante. Antes, o intuito era rever os parentes; dessa vez, o foco era conhecer a cidade ao lado deles. Foi melhor do que podia imaginar.

O principal e mais organizado passeio em família foi para o maior ponto turístico de Valadares: o Pico da Ibituruna.

Ibituruna, Governador Valadares

Ouço histórias sobre a Ibituruna desde criança. Meus primos comentavam que, lá de cima, o formato da cidade lembrava uma guitarra. Eu quebrava a cabeça tentando visualizar como seria, mas só vendo ao vivo para confirmar. Para isso, saímos cedinho num grupo de treze pessoas rumo ao Centro. Um ônibus coletivo parte duas vezes por dia conduzindo visitantes até o Pico.

Governador Valadares

Vou repetir essa informação para o caso dela ter passado despercebida: éramos um grupo de TREZE pessoas. Todos membros da família – cerca de um terço do total. Sozinhos, lotamos a parte traseira do ônibus e proporcionamos uma cacofonia de risadas, conversas e muitos “se junta pra foto, galera!”. A bagunça foi geral.

Restante dos passageiros

Na Ibituruna, montamos um piquenique que poderia alimentar um batalhão faminto. As crianças correram pelo gramado verdinho, enquanto os homens avaliavam os lanches e as mulheres buscavam as melhores poses para foto. O visual do lugar é de tirar o fôlego. E o céu continua sendo o protagonista em cena:

Governador Valadares

Passamos a manhã lá, assistindo o voo dos paraquedistas e avaliando a paisagem da cidade. Sobre o formato de guitarra, fiz um vídeo para guardar como prova:


O caminho de volta para casa foi mais silencioso. O pessoal estava cansado e empanturrado de comida. Além do sol da tarde, que exercia todo o seu poder escaldante sobre nossos corpos. O calor de Valadares não é brincadeira.

Ocorreram outros passeios, outras reuniões; todos marcados pela animação de muitas vozes e algum petisco para beliscar. Uma parada obrigatória é no Maravilhas Lanches, uma lanchonete comandada por um dos meus tios. O cardápio de hambúrguer é a perdição de qualquer Moura em Governador Valadares.

Governador Valadares

Passei mais de dez dias em GV antes de partir para o Rio de Janeiro, encerrando, de vez, a viagem. Fiquei preocupada sobre o que me aconteceria quando o projeto acabasse, mas, como expliquei no post Para Lljj do passado: a mudança continua sendo eu, fiquei satisfeita ao voltar para minha rotina, para a segurança do meu lar – e para minha Kikuchi.

Encerrar alguma coisa sempre traz um sentimento de vazio. Agora mesmo me pergunto com o que ocuparei o espaço deixado pelos relatos de viagem. É o momento de apostar nas novidades. Me deixa super empolgada ver que a próxima quarta já é ano novo.

2018 foi um ano de mudanças e descobertas. Acontecimentos que me fazem pensar: “Quem diria que isso fosse acontecer?”. Foi um ano louco, desnorteante, impactante e revelador. 2019 surge como um caderno novinho, repleto de páginas em branco, a espera de ser preenchido com as próximas reviravoltas da minha vida. Que Deus me ajude.

Desejo a todos um feliz Natal atrasado, e um próspero Ano Novo. Nos vemos em 2019.

PS.: Sigo em família.

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