quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019


O problema

Por mais incrível que pareça – ou nem tanto –, eu esqueci totalmente da série Meus Jeans Viajantes (para quem não sabe do que se trata, é só clicar aqui). Essas últimas semanas estive avaliando ideias para o conteúdo do blog e lembrei dessa série que começou de forma promissora e se perdeu durante minha viagem. Que coisa chata. Mas eu não desisti! Ainda tenho citações maravilhosas para compartilhar, por isso vou retomar essa linha de postagens. E a citação-tema de hoje é:


Simples, né? Como você está lidando com seus problemas?

Bem, tenho uma resposta desanimadora para essa pergunta. Sempre admirei pessoas que gostam de desafios, que não se intimidam com negativas e se motivam diante de obstáculos. Sinceramente, as admiro, porque eu não consigo ser assim.

Amadureci bastante meu jeito de ser, porém a minha essência é de uma pessoa que busca a autopreservação. O desconhecido me assusta, detesto surpresas. Gosto de sempre saber o que, como e quando algo vai acontecer para poder me preparar com antecedência. Seria prático – e, claro, tedioso – se vivêssemos em um mundo assim tão previsível. E é exatamente por não vivermos que surgem os problemas.

Problemas são comuns, eu digo para as minhas paranoias. Eles surgem todos dias, em maior ou menor intensidade. Todos somos passíveis a imprevistos, acidentes e situações incontroláveis. E, esse aspecto natural com que os problemas surgem, também os torna esperáveis. Sempre haverá alguma coisa a ser enfrentada.

Então, voltando à citação, o problema não é o problema. Problemas são constantes, você tem que entender, eu penso. Mas meu estômago insiste em embrulhar sempre que me deparo com uma questão sem solução imediata. Fico nervosa, quase em pânico, e entro em um estado de negação que seria cômico se não fosse tão trágico. Deitar na cama e fingir que os problemas não existem é um tiro no pé.

Nesse sentido, a experiência se torna um fator determinante para reação. Logo depois que comecei a morar sozinha, lembro que fiquei ansiosa quando o gás de cozinha acabou. Precisei que meu pai me ajudasse porque simplesmente não sabia onde comprar, nem como levar para casa e instalar no fogão. Semana passada troquei o gás novamente e fiz tudo sozinha com tranquilidade – só recorri a ajuda da minha irmã para apertar bem a borracha. Trocar o gás não é mais um caso de proporções cósmicas para mim, é só parte da rotina de uma casa.

A situação não mudou, eu sim.

Tento manter isso em perspectiva conforme outros imprevistos aparecem. A confiança em minha capacidade para enfrentá-los é algo que ainda preciso desenvolver. O que farei se minha gata adoecer? Se eu largar a faculdade? Se o dinheiro acabar? Se um rato invadir a casa? Se roubarem meu celular? Se houver um deslizamento? Se eu nunca concluir uma história? Se meu facebook for hackeado? Se eu quebrar uma perna? Deus! São muitos se... para me sufocar.

Você vai dar um jeito, eu respondo e me obrigo a respirar mais devagar. Posso me adaptar, reinventar e dar a volta por cima. Faço isso há 22 anos, e olha que já encarei umas situações mais que horríveis. Ultimamente, também tenho me permitido sentir medo. Brigar com a emoção só a torna mais forte, então deixo a mente correr pelos piores cenários possíveis e aponto ações que poderia tomar para resolvê-los. Às vezes é até divertido, porque minha cabeça pensa cada absurdo.

Estou levando a vida, um problema de cada vez. Confirmei que, infelizmente, aprendemos mais nas adversidades do que nas benesses. Merda. É melhor me preparar...



Postagens anteriores da série Meus Jeans Viajantes:
Para Lljj do futuro: O que mudou?
Uma história para levar na mochila
Sete dias para uma tragédia
Época de ouro
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