sábado, 20 de julho de 2019


Resenha: O Sussurro Mais Sombrio

Acabei de concluir a releitura de O Sussurro Mais Sombrio, quarto volume da série Senhores do Mundo Subterrâneo. Não lembro o que achei nas outras leituras, mas, dessa vez, usei cada grama do meu amor pela série para chegar ao fim. Perto do livro anterior, esse aqui é um banho de água fria. Foi uma experiência sofrível, e vou explicar o porquê.

Título: O Sussurro Mais Sombrio
Gênero: Romance sobrenatural
Autor: Gena Showalter
Editora: Harlequin
Páginas: 252

Série Senhores do Mundo Subterrâneo* – 4

Sinopse: Há milênios, quando os deuses habitavam o mundo, doze gregos foram condenados a carregar por toda a eternidade os espíritos malignos que libertaram da caixa de Pandora. Agora, eles precisam encontrar a única relíquia capaz de dar fim a seu sofrimento... ainda que possa destruí-los. Subjugado aos caprichos de Dúvida, Sabin era um homem condenado à solidão. Afinal, nenhuma das mulheres que compartilharam de sua cama resistiu às perfídias de seu demônio. Nada mais restava senão partir para os campos de batalha em busca do único prazer que poderia usufruir: a vitória. Ao conhecer Gwendolyn, a Tímida, Sabin experimentou levemente um sabor há muito esquecido: desejo por uma mulher. Gwen, também uma imortal, sempre imaginara que se uniria a um homem que jamais despertasse seu lado mais sombrio. Mas ao ser libertada por Sabin da prisão, por ele se apaixonou. E juntos terão de enfrentar um desafio maior do que a busca pela caixa de Pandora: a subjugação de seus próprios demônios.

*Senhores do Mundo Subterrâneo foi o título que a série recebeu no Brasil, porém eu prefiro chamá-la de Senhores do Submundo, que é mais simples e a tradução literal do título original, Lords of the Underworld. Não estranhem caso eu troque.

O quarto livro da série traz como protagonista Sabin, guardião do demônio Dúvida. Ele já vinha roubando a cena desde o primeiro volume, quando surgiu como líder do grupo de Senhores que, anos e anos atrás, entrou em guerra com os Caçadores – humanos que põem a culpa de todas as desgraças do mundo nos demônios. Desde o princípio, Sabin mostrava ter um único objetivo: destruir os Caçadores.

Sua fixação é justificada. No passado, seu melhor amigo, Baden, guardião de Desconfiança, foi assassinado por esses fanáticos. Os Caçadores também são responsáveis por diversas atrocidades cometidas em nome de um mundo sem demônios. Para eles, vale tudo para acabar com os Senhores. E quando eu digo tudo, é tudo mesmo, inclusive montar um “berçário de superhumanos”, no qual mulheres imortais são presas e estupradas para gerarem crianças com habilidades sobrenaturais. Os soldados perfeitos.

É numa dessas prisões doentias que Sabin encontra Gwen, uma harpia tão poderosa quanto “tímida”. Ela foi capturada há um ano, e, mesmo que não tenha sido estuprada e engravidada, passou todo esse tempo assistindo suas companheiras de carcere passando por essas monstruosidades.

O cenário é pesado ao extremo. Imagine as sequelas que uma mulher carregaria após passar por algo desse gênero. Mas como falamos de um romance erótico o único foco do enredo é a tensão sexual que surge entre Sabin e Gwen assim que põem os olhos um no outro. Começa aqui minha luta para gostar dessa história.

Primeiro que assim que Gwen é libertada das mãos dos Caçadores, Sabin entra no modo macho alfa e decide levar a mulher consigo porque “ela pode ser útil na guerra”. Fica claro que é uma desculpa para mantê-la por perto. O problema é que Gwen não quer participar de guerra nenhuma. Quer ir para casa, ver a família, retomar sua vida. O que Sabin acha disso? Tá aí:


Senhor de Misericórdia! O cara virou sequestrador. Que mente perturbada vê romance num troço desses? Aliás notei que, até agora, todos os livros da série iniciam com um crime como desculpa para o romance. É o Maddox prendendo a Ashlyn na fortaleza, é o Lucien indo matar a Anya. O menos pior é o Reyes que estava protegendo Danika do Aeron, mesmo assim rola carcere privado e ameça de morte na história. Só que essa do Sabin é muita forçação de barra. Como se o amor – no caso, desejo sexual – justificasse qualquer ato deplorável do mocinho. Cai fora, pensamento destrutivo!


A coisa não seria tão ruim se Gwen tivesse o mínimo senso de espírito. Ela é a droga de uma harpia! Um ser letal, poderoso, temido. Tem superforça, supervelocidade, pode voar. Se bobear sabe até assoviar e chupar cana ao mesmo tempo. Mas cadê a autoestima? Inexiste! Ela passa mais da metade do livro se pondo como a fracassada, covarde, vergonha da família. E por mais que isso seja um grande ponto a trabalhar na personagem, não convence, só irrita.


Esse lenga-lenga do sou a decepção da minha raça é especialmente bizarro, porque o que faz a Gwen ser considerada boazinha é o que qualquer pessoa normal pensaria. Não gostar de violência gratuita, crueldade injustificada ou assassinato a troco de nada é o básico para convivência em sociedade. Porém esse universo da Gena tem umas inversões de valores esquisitas. Quanto mais malvado a personagem parece ser, melhor. No fim, a grande mudança de Gwen é descobrir que causar uma carnificina nem é tão ruim assim... tipo, o que?!


O livro tem seus pontos altos com as histórias secundárias. Paris continua tendo um aprofundamento maravilhoso. O cara brincalhão e sorridente que iniciou a série desapareceu de vez. Se tornou um homem sombrio e amargo, que busca aplacar sua dor com ambrosia, a droga dos deuses. Seus amigos já notaram a mudança. Aeron descobriu que está envolvido nessa confusão, por isso busca formas de salvar Paris de si mesmo.

Também temos o desenvolvimento da relação entre Torin, guardião de Doença, e Cameo, portadora da Infelicidade. Uma combinação para lá de interessante que deixou tanto personagens quanto leitores confusos. Vai rolar ou não? Particularmente, acho que dariam um bom casal.

Palmas para Gideon, portador do demônio Mentiras, que colou um sorriso no meu rosto a cada aparição. O fato dele não poder dizer nenhuma afirmação verdadeira rende diálogos sensacionais. Fora que ele mesmo tem consciência que seu demônio é fraquinho em relação aos outros, mas não se importa, porque, diferente dos amigos, gosta da sua contraparte demoníaca.


Outra personagem que recebeu pouco destaque, mas que teve uma participação considerável foi Kane, guardião de Desastres. Gosto dele desde sua primeira aparição. A forma como seu demônio se manifesta o obriga a se manter afastado dos amigos, o que me dá vontade de entrar na história para abraçá-lo. Todo meu carinho para os desastrados de plantão ❤

Infelizmente, nem todas as melhores personagens da série conseguiram salvar O Sussurro Mais Sombrio. O enredo começou ruim, mas o final conseguiu ser ainda pior. Sem nexo, bagunçado e com atitudes questionáveis dos protagonistas. Num momento crucial, em que a vitória sobre os Caçadores poderia ser alcançada, Sabin jogou fora todos os seus valores para se provar um homem “confiável” perante Gwen. Essa parte me deixou revoltada, então vou dar uma surtadinha básica aqui embaixo.

ALERTA DE SPOILER: Ahhhhh! Gallen estava bem ali, o líder dos Caçadores. Mesmo feridos, os Senhores estavam em maior número. Era uma questão de capturá-lo e dar fim na guerra. Mas o que Sabin faz? “Não, eu sou um cara legal. Deixa a Gwen decidir o destino do meu pior inimigo.” E a filha da puta simplesmente manda Gallen fugir. E ele fugiu! Com todos os Senhores assistindo!! Cadê a lógica? Depois Gwen me vira dizendo que cometeu um erro. “Pô, a gente devia ter prendido ele, né? Foi mal, galera.” E o Sabin: “Ah, tudo bem. Vamos tentar de novo na próxima.” Como assim?! Se eu estivesse entre os Senhores que foram torturados e humilhados por Gallen, nunca mais olhava na cara do Sabin. Traidor safado!


O Sussurro Mais Sombrio é um livro que oscila entre ruim e péssimo. O plano de fundo do romance é caótico – e não de um jeito legal. Temas pesados como estupro, sequestro, gravidez forçada, rapto de crianças, tortura e morte foram tratados com naturalidade criminosa. O próprio romance poderia virar caso de polícia. Por mais que se esforcem, os protagonistas são chatos, ainda mais quando comparados a outras personagens. Como se trata de uma série, esse livro se torna importante para o enredo geral, porém eu adoraria esquecer que ele existe. Leiam por sua própria conta e risco.


Resenhas anteriores da série Senhores do Mundo Subterrâneo:
1- A Noite Mais Sombria
2- O Beijo Mais Sombrio
3- O Prazer Mais Sombrio
4- O Sussurro Mais Sombrio (atual)
5- A Paixão Mais Sombria
6- A Mentira Mais Sombria
7- O Segredo Mais Sombrio
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Comentários
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2 comentários:

  1. Até agora li até o livro 6, mas sem dúvida alguma o livro 4 é o pior dos que eu li. Me com idetifico muito com as suas resenhas dessa série, principalmente com sua reação com o final do livro, nunca senti tanto ódio. Não sei até que livro irei ler, mas só continuo para ver o que vai acontecer com alguns personagens,tipo o Paris e o Torin. Não consigo me importar menos com o curso da guerra.

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    1. A série tem seus pontos altos, mas nos baixos ela vai pro fundo do poço mesmo. O negócio é que a Gena é uma ótima escritora, porém peca demais ao desenvolver romances. Os livros do Paris e do Torin são bons, diria até que são os melhores a partir do volume sete.
      Obrigada por comentar! <3

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