sábado, 5 de outubro de 2019


Resenha: O Segredo Mais Sombrio

Até que enfim acabou a tortura que foi ler O Segredo Mais Sombrio, sétimo volume da série Senhores do Submundo. Minha tolerância com certos aspectos da escrita de Gena Showalter está no limite. Este livro condensou tudo de ruim que havia nos anteriores e vou explicar o porquê.

Título: O Segredo Mais Sombrio
Gênero: Romance sobrenatural
Autor: Gena Showalter
Editora: Harlequin
Páginas: 238

Série Senhores do Mundo Subterrâneo* – 7

Sinopse: Guardião do demônio dos Segredos, Amun pode manipular os pensamentos mais sombrios de qualquer pessoa que esteja perto dele. Mas quando novos demônios o possuem, o guerreiro imortal deve ser acorrentado e isolado para a segurança daqueles que ama. A morte é sua única esperança de libertação, até que ele conhece Haidee, uma companheira de prisão, cuja beleza e oculta vulnerabilidade o atraem para um temerário teste de lealdade aos seus amigos… Haidee é uma infame assassina de demônios, nascida para desprezar a raça de Amun. No entanto, como ela pode odiar o homem cujo toque a deixa em chamas? Mas para salvá-lo, ela deve entregar-se de corpo e alma… e enfrentar a raiva de um poderoso adversário que jurou destruí-la.

*Senhores do Mundo Subterrâneo foi o título que a série recebeu no Brasil, porém eu prefiro chamá-la de Senhores do Submundo, que é mais simples e a tradução literal do título original, Lords of the Underworld. Não estranhem caso eu troque.

O protagonista da vez é Amun, guardião do demônio Segredos e cota racial entre os Senhores – ele é o único dos doze guerreiros no qual fica implícito o tom negro de sua pele. A maior participação de Amun na série ocorreu no livro anterior. Ele, William e Aeron foram ao inferno numa missão de resgate. Durante a aventura Amun acabou absorvendo inúmeros demônios menores, que o fizeram literalmente endoidar. Em O Segredo Mais Sombrio ele ainda está sofrendo os efeitos dessa possessão em massa. Seus amigos o colocaram em quarentena e anjos acompanham seu estado, porém só a morte parece ser a solução para o seu sofrimento.

Claro, se um Senhor do Submundo está com um problema insolucionável é porque seu amor está por perto. No caso de Amun, está no cômodo ao lado. Haidee é uma caçadora fanática com o extermínio dos portadores de demônios. No livro anterior, ela bateu de frente com Strider, guardião de Derrota, e acabou capturada. Por alguma razão aleatória colocaram a prisioneira no quarto ao lado de Amun. Por alguma outra razão aleatória a parede entre os quartos possuía uma porta escondida. Imaginem o que aconteceu...


O chamado da paixão levou Haidee até Amun. Por algum motivo não explicado – este livro está cheio deles! –, Amun é parecidíssimo com o namorado dela. E, sim, a desgraçada tem namorado. Ela pensa que o homem padecendo na cama é o seu boy e começa a cuidar dele. A aproximação surte um misterioso efeito calmante nos demônios de Amun. O romance se desenrola a partir daí.

Ah, mas espera! Não é um mero romance ala Romeu e Julieta entre dois inimigos jurados, não. O buraco é mais em baixo. Haidee é uma espécie de imortal e, milênios atrás, ela auxiliou na emboscada que culminou na morte de Baden, amado companheiro dos Senhores. Strider a levou para a fortaleza com o intuito de puni-la pelo assassinato do amigo. A priori, TODOS os Senhores a odeiam até o último fio de cabelo.

Esse é um ponto que sempre me fez torcer o nariz para essa “história de amor”. A série vive exaltando o quanto os Senhores são companheiros, amigos e irmãos, como que um deles se apaixona por alguém que ajudou na morte do outro? São ideias desencontradas. A autora precisaria ter muito cuidado para transformar isso num romance interessante sem descambar para a esculhambação. Mas, como venho dizendo a tempos, a parte mais fraca da escrita da Gena é o desenvolvimento dos romances. Bateu o fervor sexual? Ah, não vai ser o assassinato de um velho companheiro que impedirá Amun de ficar com essa mulher.

O livro está recheado de justificativas que “inocentam” Haidee do crime. A maior delas é que um guardião de demônio não identificado matou sua família, por isso ela tinha o direito de odiar os Senhores e fazer o que fez. Ok, é “compreensível”. Porém levanta a mesma questão do caso de Amun: você se relacionaria com alguém que pode ter matado sua família?

Para mim, essas informações inviabilizam totalmente o casal. Eu não vejo romance entre Amun e Haidee, vejo apenas uma viagem muito louca de uma autora que só queria escrever cenas de sexo e estava cagando para a lógica.

Lógica, aliás, é algo que inexiste no enredo. Resumindo: um anjo manda Amun e Haidee irem ao inferno para expurgar os demônios do corpo de Amun. No inferno, os dois passam por lugares estranhos, lutam com bichos feios e transam nas cavernas, mas o cenário em si é desnecessário, pois a expurgação era algo que Haidee poderia fazer sozinha desde o início. Se a aventura tivesse ocorrido num supermercado a conclusão seria a mesma.


E como o que está ruim ainda pode piorar, temos o final desse livro, que é simplesmente horrível. A narrativa usa todos os meios para convencer o leitor que o relacionamento entre Haidee e Amun é correto e os amigos dele que estão errados por serem contra o namoro. Tipo, e daí? Baden já está morto mesmo. Temos até o típico trecho em que Amun promete se virar contra os amigos em nome da amada:


O lance de amizade e companheirismo entre os Senhores é mera conversa. Basta surgir uma mulher para os caras considerarem abandonar os amigos – em todos os livros lemos uma variante desse pensamento de Amun. O que torna esse caso pior é que os Senhores tinham, sim, direito de não aceitar Haidee, mas pagaram de malvados porque a autora quis.

O último capítulo é uma verdadeira porcaria. Apressado, sem nexo, com umas informações jogadas na cara do leitor. A essência de ruim! Foi o empurrãozinho que faltava para que eu decidisse dar um tempo nas releituras da série. A cada livro venho ficando mais revoltada e prezo demais a minha saúde mental para me irritar a toa. Fora que esse é o último volume publicado pela Harlequin. As traduções disponíveis a partir deste não tem uma qualidade confiável para se avaliar a história – não dá pra saber se são ruins por culpa da autora ou dos tradutores. Enfim...

O Segredo Mais Sombrio é uma bosta.




Resenhas anteriores da série Senhores do Mundo Subterrâneo:
1- A Noite Mais Sombria
2- O Beijo Mais Sombrio
3- O Prazer Mais Sombrio
4- O Sussurro Mais Sombrio
5- A Paixão Mais Sombria
6- A Mentira Mais Sombria
7- O Segredo Mais Sombrio (atual)
Compartilhe
Comentários
2

2 comentários:

  1. Concordo com você. Li arrastando, rezando pra terminar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Arielle!
      Esse foi o livro mais fraco dos sete primeiros. Depois dele o único que eu salvaria é o do Paris, volume 9 se não me engano. Amo demais esse personagem.
      Obrigada por comentar o/

      Excluir

 
lljj. - COPYRIGHT © 2018 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
LAYOUT E PROGRAMAÇÃO HR Criações